quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Aniversário de Manaus


Fiquei o dia pensando em como parar de perder tempo tentando agradar os que amo. Eu definitivamente não sei agradar. Agrado incomodando. Cada dia mais só, mesmo rodeada de gente, mas esses tempos atuais trazem um conforto na solidão. Escrevi como escrevia com dezoito anos de idade e isso me fez feliz. Mostrou a mim mesma que não morri. Só acumulei milhas de viagem. As vezes, você tem que desenterrar coragem, mesmo achando que ela não existia mais. Dia quente e vazio, aí vai:

Canções de revolta e ódio ao anoitecer
Quando éramos doces e sutis
Gentis crianças na seda matutina
Alegrávamos ao sentirmos nossa vida
 Bem.
Não havia necessidade da euforia.
E sorrir era comum tão como se vestir.
Aí crescemos e perdemos a genialidade.
Aí as dores foram calcificando em minhas veias, e minha pele ficando cada dia mais seca.
E lembrei-me de quando você me disse que não passava de uma vagabunda,
vazia e mole.
E de quando ainda era dia e aquela senhora disse que chorar me deixava ainda
mais repugnante. Por que ser mulher implica em antes ser uma garota, e isso definitivamente
DEFINITIVAMENTE,
NÃO É COR DE ROSA, Rosa.
Então eu resolvi pintar os olhos de negro e o rosto de púrpura
 sair e vagar,
Levar  comigo as lâminas, sair atingindo quem me viesse.
Porque os sãos sabem e os covardes não admitem,
A loucura te deixa numa dimensão intocável, no meio termo,
No não certo, no não errado. No não e no sim.
E as noites tornaram-se asfixiantes, porque nenhum filho de puta
Ninguém vai saber os tumores,
Ninguém vai sentir da mesma forma, nem pena, nem remorso,
Muito menos dor, porque não o sabem,
Porque as horas correm e eu fujo delas, estou morrendo depois de morta,
Mas agora a escolha é minha.
E isso me faz bem.
                                                                      
                                                                                                Jalna Gordiano 23 10 2012

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