quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013







A alma e o vinho

Caí por acidente em teu espaço, teus braços,
Fora minha última casa desejada,
Como
A maciez das peles das serpentes;
Intensidades e medos.
Teu lugar, um caos abandonado ao vácuo.
Tua alma, uma brasa tímida avisava:
Apagarei em breve e sem que eu percebesse,
andei em todas as paredes, e cruzei
Olhares e pernas tontos...
Meu bem
Não posso te prometer nada, pois as promessas,
São feitas de um material inflamável e fraco,
E meus cílios tendem a olhar pra onde a mais fraca brisa soprar.
Só o que posso
É preencher tua casa feito criança, com gargalhadas e vinhos,
E suprimir o estoque de fumaça em teus pulmões...
Enevoar tuas sobrancelhas em dias quentes,
Lamber-te as costas, dar as minhas em suaves posições.
Sabe, amor
O amor é o pior veneno, ele chega manso, entope as veias, cega os ouvidos,
Atordoa os olhos, alarga os sorrisos,
Nos afunda em desespero.
Pais continuaram estuprando suas filhas pelas manhãs de terças-feiras e não posso fazer nada.
Mães sempre enforcarão seus meninos com braços maternais,
E não faremos nada, nem o saberemos...
Anjo sujo,
De peito mofado e olhar arrastado,
Solta a tua voz, só pra mim,
E garantirei não te ferir hoje!
Segura minha cintura com força, e me carrega com teu ser!
Deixa em minhas mãos tua brasa, pois já não me queimo mais.
Dançaremos pela madrugada no meio da semana,
Subiremos em escadas imaginárias, faremos nossa música a sós.
Você sabe, não adianta tentar esconder,
Não temos mais NADA  a perder.
Se até a coragem já foi embora dando-nos suas asas...
Por que eu teria medo?
Eu não tenho mais medo.
Eu não tenho mais vontade.
Eu só quero sentar aqui, me encostar em teus pelos
E esperar a noite passar, se você deixar,
Em paz.

Jalna Gordiano    23:05h 27/02/2013

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