quinta-feira, 7 de março de 2013






Verão Passado

Por que tem só de doer?
Por que não seria diferente?
Já não temos mais pena de nós mesmos,
Já não sobrou-nos o respeito.
As imagens martelam na cabeça
E você sabe que foi tudo em vão.
Mas,
E se foi em vão,
Esse vão não pode ir embora?
Nada mais existe, só a dor sobrou.
Roendo minhas entranhas
E já não se afoga, quanto eu baste empurrar
Líquido para dentro,
E já não passa mais, por ver que
Minha própria vida já não existe mais.
Estou perdida em meus furacões.
Estou perdida no vão de minha cicatriz.
Uma hora dessas, eu anestesio,
Mas já não sou tão nova para anestesias,
Nem tenho mais domínio sobre minha alma.
Então que venham
Os inquisidores e enrolem minas entranhas,
Que venham os guardas e amarrem-me na cela
Ainda possuo o possuir e passagens para onde quiser.
Não me tenha pena, tenha-me tesão, use-me!
Sou a casca vazia de uma borboleta que já voou,
Verão passado!

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